Nessa estrada sem rumo ou endereço
Transportando pedaços do passado
Meus vagões continuam enfileirados
Estações no trajeto eu desconheço
Fico tão distraído e até me esqueço
De encarar a cruel realidade
Conduzindo essa máquina, na verdade
Sem saber pra onde vou, nem até quando
Pelos trilhos da vida deslisando
Sou um trem carregado de saudade.
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Vou levando sem nota em meus vagões
Uma carga de mágoas e desgosto
O governo não cobra esse imposto
No transporte de tais desilusões
Ainda levo também decepções
Que atingem minha dignidade
Mais parece tormenta ou tempestade
A procela de horrores enfrentando
Pelos trilhos da vida deslisando
Sou um trem carregado de saudade.
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Se as léguas estão a perder de vista
Numa reta sem ter curva de nível
A tristeza feroz meu combustível
Solidão transformou-se em maquinista
Na esperança que o tempo não insista
Em comigo manter tal crueldade
Só pensando na minha liberdade
Que hoje falta, depois esteja sobrando
Pelos trilhos da vida deslisando
Sou um trem carregado de saudade.
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Sempre viva mantenho a esperança
Que um dia qualquer tudo isso mude
Peço a Deus que me dê essa virtude
Porque Nele eu tenho confiança
Quem tem fé no Divino só avança
Mesmo a vida não tendo qualidade
Quando apela à Suprema Divindade
Os resquícios do mau, vão se afastando
Pelos trilhos da vida deslisando
Sou um trem carregado de saudade.
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Autor: Carlos Aires
Postado Por:
//Anizio.Ds.