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Nunca mais vou sentir a alegria
que senti com minha cara-metade
Se meu peito está cheio de saudade
minha alma parece estar vazia
Vou tentanto esquecer daquele dia
que ela disse que estava de partida
Toda minha esperança foi perdida
quando vi que já não havia jeito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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Só consegue entender o meu tormento
quem um dia sofreu por rejeição
É mais forte essa dor no coração
quanto mais verdadeiro o sentimento
É difícil abrandar um sofrimento
por paixão que não foi correspondida
mas a dor se apresenta mais doída
quando tem na saudade o seu efeito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
Eu queria aprender a lhe amar
ela me revelou o mesmo intento
e por causa do nosso sentimento
não pensei que ela fosse me deixar
Mas se ainda anseio em lhe dar
a ventura pra ela prometida
eu agora não posso ver cumprida
a promessa que já lhe tinha feito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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Hoje eu já nem sinto mais vontade
de voltar para a sua companhia
Eu lhe dei o amor que merecia
mas me retribuiu com falsidade
Desonrando toda a fidelidade
que pra ela já foi oferecida
só deixou essa mancha encardida
num amor que existia sem defeito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
Ela fica pedindo meu perdão
e a causa de ser tão desprezada
No entanto só ela é a culpada
por me abandonar na solidão
A seqüela da sua ingratidão
e custoso que seja esquecida
pois é grande o tamanho da ferida
que eu sinto aberta no meu peito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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Não esqueço da sua insensatez
quando ela dizia que me amava
e se eu novamente perguntava
respondia somente com talvez
Mas eu quero dizer-lhe outra vez
que ela é a mulher da minha vida
E se do meu amor já não duvida
ela pode voltar que não enjeito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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Ela disse que estava descontente
e queria acabar nosso romance
não me dando ao menos uma chance
de saber o que houve com a gente
Sem mostrar um motivo pertinente
foi embora bastante decidida
Mas se ela voltar arrependida
me pedindo perdão eu não aceito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
O seu rosto a muito que não vejo
e a dor da saudade só aumenta
pois a sua presença não se ausenta
das lembranças que tenho de sobejo
Reconheço que ainda lhe desejo
abrigando esperanças sem medida
Ela nunca por mim foi esquecida
pois sem ela não vivo satisfeito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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Eu não sei porque dela não esqueço
não querendo amar a mais ninguém
mas não quero e não vou virar refém
dessas horas amargas que padeço
Apaguei da agenda o endereço
mas se passo por sua avenida
a saudade é um beco sem saída
e a mágoa é o trecho mais estreito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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Se caminho infeliz pela cidade
procurando consolo em todo canto
vou banhando meu rosto no meu pranto
sem ver nada na vida que me agrade
A mulher a quem dei felicidade
é só com seu desprezo que revida
mas nos dias que tenho a recaída
aos sintomas da mágoa me sujeito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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A revejo deixando meu batente
sem querer explicar sua razão
Pra fazer acabar uma paixão
um adeus nunca foi suficiente
O passado ressurge novamente
na lembrança que fica escondida
Vendo essa passagem revivida
não consigo dormir quando me deito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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Pra surpresa de todos eu confesso
que meu erro foi lhe amar demais
Mas se dela não esqueço jamais
só me resta esperar pelo regresso
É com sinceridade que lhe peço
o perdão pela falta cometida
e pra minha esperança ver mantida
a paixão já me deu esse direito
Um castelo de sonhos foi desfeito
no momento da nossa despedida
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Autor: Carlos Alê
Postado por: //Anizio.Ds.
ResponderExcluirTrechos de um cordel inédito de Carlos Alê:
- Já chegou a primavera
nas savanas e colinas
Pradarias se revestem
de tulipas e boninas
Descem águas do regato
com espumas cristalinas
- Surge o clarão do sol
com os raios mais dourados
Nascem cravos e jasmins
com encantos redobrados
As papoulas e lavandas
esparramam-se nos prados
- De gerânios e canolas
a estepe se ornamenta
Pelas veigas o pastor
as ovelhas apascenta
vendo rebrotar o pasto
que seu rebanho sustenta
- Passam nuvens viajando
com a brisa na boléia
Cerejeiras novamente
reflorescem na aléia
saciando beija-flores
e abelhas da colméia
- Chegam novas borboletas
procurando os arvoredos
onde já se hospedaram
abundantes passaredos
que saindo em revoadas
se desviam dos rochedos
- Sobem faias e pinheiros
entre velhas penedias
Os salgueiros oferecem
sombras mornas e macias
Melros gorjeiam alegres
em esparsas sinfonias
- As lagoas se comovem
dando suspiros profundos
Patos voltam para as águas
de onde são oriundos
Nas aldeias tem jardins
e trovadores fecundos
- As singelas cotovias
vão beber água da fonte
pra depois revoejarem
de um para outro monte
nos relevos costurados
com a linha do horizonte
- Das imensas paisagens
de chapadas e outeiros
vem o longo rumorejo
de aragens e ribeiros
com florestas exalando
o aroma dos loureiros
- Pelos vales estendidos
onde a vista não alcança
vaga o vento violento
mas ao passo que avança
vai perdendo seu furor
faz a curva e se amansa
- É assim a primavera
que lá fora já nos brinda
com cenários descerrando
esplendura tão infinda
que das flores desconheço
qual seria a mais linda...