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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Sepulclo da Saudade


Sepulcro da Saudade
****

Ao entrar certa vez no cemitério
Sobre mim recaiu a solidão 
Entre os túmulos deixei que a emoção
Dominasse em mim esse mistério 
Num silêncio esquisito e funério
Eu tentei recordar o rosto seu
Ao lembrar o que tudo aconteceu
No meu peito eu senti ansiedade
Fui chorar no sepulcro da saudade 
Pela última esperança que morreu

A saudade pra mim não é mistéro 
Quem amou sabe bem isto entender
Pois a vida não é feita de lazer
Pois o tempo tem todo esse critério
O viver nesta vida é caso sério
Sabe bem quem gosou ou já sofreu
Se foi moço ou se já envelheceu
Ou se vive em plena mocidade
Fui chorar no sepuclo da saudade
Pela ultima esperança que morreu.

Não devemos sofrer antecipados 
Pois a vida nos trás uma esperança 
Que lutando na vida agente alcança 
De degrau, em degrau, os resultados. 
Quando jovens nós somos interrogados 
Por alguém que na vida já viveu
As mazelas que ele já sofreu
É quem faz o lembrar da mocidade
Fui chorar no sepulcro da saudade 
Pela última esperança que morreu 

Nesse mundo onde impera a violência 
Onde o fraco é tratado como bicho
Cada rico cultiva o seu capricho 
E do próximo jamais sente clemência 
Ao viver no glamour e na decência 
Esquece-se do homem que é plebeu
A história que ele reviveu
Para ele só resta à vaidade
Fui chorar no sepulcro da saudade 
Pela última esperança que morreu 

Numa lápide gelada eu me sentei
E pensando eu voei pra o infinito 
Os meus olhos a ler em cada escrito 
Muitas lágrimas ali eu derramei 
Um passado de glória que eu sonhei
De um alguém que ali apodreceu
Nessa cena só estava ela e eu 
E só eu é quem tinha liberdade
Fui chorar no sepulcro da saudade 
Pela última esperança que morreu 

Muitos restos de ossos apodrecidos
Que a terra já tinha decomposto 
Muitas fotos mostrando em cada rosto 
Os semblantes que foram esquecidos 
Os que ali se encontravam adormecidos 
Por alguém que com os anos o esqueceu
Só a data que ele faleceu
Sem gozar o vigor da mocidade 
Fui chorar no sepulcro da saudade 
Pela última esperança que morreu
 ****
Autor: Davi Calisto Neto.
Postado por: //Anizio.Ds em 23/04/2014


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